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10 de agosto de 2011

A menina da calça de Poá...


Ela é magra e miudinha, bem menor do que seus colegas, tem cabelos curtos na altura dos ombros, bem despojado, usa leggin de poá branco e preto de um jeito que não tem como não se destacar;
Ela tem no rosto um lindo sorriso sincero e em sua mão uma câmera. Enquanto alguns decidem o que comer ela está na janela, quando a chamam ela responde: - Gostei da vista daqui! - E continua a fotografar. O inusitado nisso é que a vista não é para um bosque ou um jardim florido, uma montanha ou o porto sol, o que tem atrás daquelas grandes janelas de vidros é apenas uma rua, uma rua como qualquer outra, como pessoas apressadas e seus guarda-chuvas abertos. Por trás daquele sorriso vive uma alma, que enxerga além do que podemos ver.

Ela senta-se a mesa e enquanto todos comem ela folheia um livro e logo retoma a olhar a vida por trás da lente, captura sorrisos, cabelos caindo sobre o rosto, bocas abrindo, olhos piscando, somente a menina da calça de póa sabe o que diz todos esses gestos, ela decifra tudo de uma maneira particular enquanto brinca com sua câmera, afinal ela ainda tem16.

Um dia essa menina se tornará uma mulher, e a arte que hoje surge em tom de brincadeira, será parte de sua vida, e estará até no ar que ela respira. Pessoas irão ao seu encontro e lhe oferecerão milhões pela sua arte, milhões de olhares, milhões de sorrisos, milhões de beijos e quem sabe até milhões de reais, dólares, euros...

Enquanto a vida não passa ela está lá sentada, lente grudada aos olhos, sonhos em foco, liberando os flashes de esperança e embalando aquela turma que mal parece perceber que há uma vida além das vidraças, sorrisos despreocupados que um dia irão se calar ao topas com as  dificuldades do mundo, mas ela, ela permanecerá a sorrir aquele sorriso sincero de quem enxerga o mundo como os outros não veem, que enxerga com os olhos do coração, do coração de um artista.

Fran Souza

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